O Carnaval é uma das maiores festas a nível mundial e um dos acontecimentos com consequências mais nefastas para o ambiente. Só no Rio de Janeiro, em 2020, participaram nos eventos cerca de 10 milhões de pessoas – o equivalente a Portugal inteiro numa cidade. Por muito que se tente reduzir a sua pegada ecológica, ainda não existem infraestruturas com respostas eficientes para que seja possível realizar um Carnaval sem desperdício.
O problema
Voltando ao exemplo do Carnaval do Rio, em 2020, e de acordo com dados da mesma prefeitura, o Terminal Internacional de Cruzeiros da cidade recebeu, durante este período, o maior número de navios internacionais dos últimos 20 anos. Se considerarmos que este é um dos meios de transporte mais poluentes do mundo, facilmente compreendemos que as consequências vão muito para além da festa.
Por todo o mundo, existem cidades onde esta tradição representa um retorno financeiro superior ao resto do ano. E, por isso, toda a oferta é pensada de forma a maximizar os lucros.
As celebrações
Em primeiro lugar, os preparativos. A organização dos desfiles, com temas diferentes a cada ano, implica a produção de novas máscaras e carros alegóricos, para os quais são utilizadas toneladas de matérias-primas. Como resultado, muitos destes materiais são descartados no final de cada Carnaval.
Em segundo lugar, as festas de rua, para as quais existe todo um rol de acessórios quase obrigatórios para a festa. Serpentinas em papel e em spray, confettis de papel e de plástico, balões de água… Em suma, a procura por estes descartáveis é tão grande que continua a justificar a oferta massiva.
Para terminar, a venda de alimentos e de bebidas em regime de take-away. Estas vendas, representam uma boa fatia dos lucros e é também daqui que resulta grande parte do desperdício gerado, nomeadamente plásticos de utilização única.
Assim, temos uma visão geral que ilustra os números relacionados com o lixo produzido durante o Carnaval. É uma realidade assustadora que se replica anualmente por todo o mundo.
Mas como fazer um Carnaval sem desperdício?
Inverter a tendência
Este ano, talvez não seja tão flagrante, uma vez que enfrentamos uma pandemia mundial e, em Portugal, estamos em confinamento. Grande parte das festas foram canceladas mas, ainda assim, é bem possível que muitas crianças e adultos lancem pela janela serpentinas e confettis.
Inverter esta tendência é uma questão de educação e de sensibilização que deve começar em casa. Invista tempo de qualidade com os seus filhos e explique porque é tão importante não produzirem lixo desnecessário.
Este é um trabalho que pode e deve ser complementado com as escolas. Imagine como seria interessante assistir à organização de desfiles de Carnaval sustentáveis!
Não nos podemos esquecer que algumas crianças são exigentes e gostam de se mascarar dos seus super heróis mas, acima de tudo, o que eles mais apreciam é a festa. Dito isto, é sempre possível ajudá-los a fazer uma escolha mais sustentável, ainda que dentro do que eles pretendem.
Reunimos, de seguida, algumas dicas para um Carnaval mais ecológico.
Confettis sustentáveis
Requer zero investimento e irá manter os seus filhos ocupados durante umas horas. Precisará apenas de apanhar folhas de árvores e de um furador.
Pedir máscaras emprestadas
É muito frequente conhecermos alguém que tem uma máscara em casa que só utilizou uma vez. Em primeiro lugar, porque não gostam de repetir o mesmo disfarce. Depois, no caso das crianças, porque elas crescem depressa e, de um ano para o outro, deixa de servir. A realidade é esta: tudo o que fica parado, acaba por se estragar. Dê uma segunda vida às máscaras dos amigos. Não só poupará dinheiro como, muitas vezes, eles até agradecem por se libertarem daquele volume que só estava a ocupar espaço.
Alugar
Com a banalização das máscaras de Carnaval e a oferta de produtos cada vez mais baratos provenientes da China, muitas lojas de aluguer de fatos de Carnaval foram desaparecendo ao longo dos tempos. Ainda assim, algumas sobreviveram. Faça uma pesquisa na internet e tente descobrir uma destas relíquias na sua área de residência.
DIY
Do It Yourself. Dá trabalho mas, se tiver jeito e paciência, é uma boa forma de poupar dinheiro e de fazer uma máscara original. A melhor parte? Não irá correr o risco de ver alguém com um disfarce exatamente igual.
Utilize o que tem em casa
Desperte o seu lado criativo. Se precisar, inspire-se na internet e construa ou complemente disfarces de Carnaval com acessórios que já tem em casa. Lenços, chapéus, colares, acessórios ou mesmo roupa, seja original e pense fora da caixa! É possível fazer muito com pouco.